domingo, março 18, 2007

Profetisa do ausente.

Rasgo os bolsos de uma distância
Não menor que a dor de sorrir
E moleca de uma paisagem anuviada
Desenho flores para enganar espinhos.

  • Visto a solidão de saia, cruzar de pernas
    Mundo que encaixa boêmio em tinta
    Face lavada de ontem candura e desespero
    No dedilhar de uma voz gemente.
Longe o tempo alisa pequena semente
Divindade no arco dos medos
Coragem de quem caída prevê começo
Só na esquina do corpo amado.
A memória, trampolim exato corre
E a visão, amiga que nem sei,
Continua, agora, contínua ave
No céu de uma saudade sem asas.
Eliane Alcântara.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007



Instantâneo.

O tempo mala da saudade
Brinca ao amanhecer
Nos olhos da menina
E à tarde lágrimas
Banham a mochila do anoitecer
Com cores inexatas
Onde brota uma azaléia
Medrosa cor
(corpo de mulher)
Na busca do amor.

Eliane Alcântara.

sexta-feira, janeiro 05, 2007



Românticos.

Atiro-me desvairada em ti
E concedo-nos o céu a morder lençóis
Liberando gemidos, desencravando desejos,
Sinalizando a ordem do dia eterno ato
Quando tu encaixas meus sinais aos anseios teus
E somos fantasias de nós dois.

Infiltra-me com teus amores, odores
E doce é teu gosto a persuadir-me tua fêmea,
Domada criatura exposta em carícias
Sem receios, conceitos ou temores.
Teus lábios destilam-me o corpo
E veneno antes perigo preso em olhares
Escorro doce sentença ao teu prazer,
Úmido delírio das pernas trêmulas
Ao teu arfar soberano em minhas coxas
Entregues a tua língua suave a percorrê-las.

Em brasa ardo eu, ardes tu, ardemos,
Rejuvenescemos, desfalecemos, reiniciamos,
Inventamos palavras, traçamos o contorno dos deuses,
Vulcões, abissais recônditos coroados de amor/tesão
E tudo na selvageria de sermos homem e mulher,
Anjos desnudos na mais pura condição dos amantes.
Eliane Alcântara.